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Sem palavras 

4 de agosto de 2017

Sempre fui apaixonada pelas palavras. Crush dos brabos, daqueles que a gente jura que vai ser para sempre. Me apaixonei tanto pelas palavras dos outros — os livros — que ousei dar voz às minhas por meio das mal traçadas linhas deste blog.

Escrevi loucamente por um bom tempo. Era uma terapia, um hobby, um exercício — tudo ao mesmo tempo agora. Tinha tanto para contar, tanto para dividir. Gostava de pensar nos meus textos como uma espécie de crônica da vida real: eu escrevia sobre o que eu via, vivia, sentia, sonhava. Um amigo definia meu estilo como prosa poética, e de alguma maneira me reconhecia nessa definição. Parecia um bom jeito de contar as minhas histórias: direto e reto, mas com uma pitada de delicadeza.
Escrever já era um prazer em si, potencializado pela troca com os “leitores”. Me emocionava quando alguém me contava que seguia o blog, que compartilhava de algum sentimento, que tinha rido de alguma história. Pode soar arrogante — e talvez seja mesmo —, mas me sentia um pouco como os autores dos livros que eu tanto amava. Era bom saber que as minhas palavras encontravam abrigo e ressonância em outros corações.

De repente, a vontade — ou seria a coragem? — de escrever sumiu. Fiquei sem palavras. O barulho interno era tão alto que não conseguia colocar aqueles sentimentos no papel. Não conseguia passar a limpo. Depois de algumas tentativas frustradas, desisti. O blog ficou lá, com muitas das pretendidas 365 páginas ainda em branco.

 

Não é que a paixão pelas palavras tenha acabado. Apenas “demos um tempo” na relação. O problema não eram elas, era eu. De vez em quando, batia saudade, mas, teimosa que sou, não dava o braço a torcer. Como vou escrever sobre tudo isso que está acontecendo, eu pensava? Não dá, não sei lidar, melhor esperar a vontade passar.

 

Bem, a vontade não passou. Novos amigos leram velhos textos, e recebi de volta uma energia tão boa que acabou reavivando as chamas da paixão. De verdade, ainda não sei como vou contar as novas histórias, mas sinto que preciso, e tenho certeza de que quero.
Então, cá estou eu mandando um “oi, sumido” para o meu blog. A próxima mensagem vai na linha do “e aí, o que tem feito de bom?”.
 

From → Proseando

One Comment
  1. Beatriz Diedrichs permalink

    Vá em frente. Fico contente com seu retorno!

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