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Palavras são janelas ou são paredes

8 de março de 2018

Essa semana, participei de um encontro sobre comunicação não violenta (CNV), uma linha de pesquisa/estudo desenvolvida por Marshal Rosemberg. Já tinha ouvido falar do tema, mas sabia quase nada sobre ele. Descobri que é uma “soma” dos princípios da não violência, de Gandhi, com os estudos sobre empatia, feitos pelo Carl Rogers.

Costumo dizer que a comunicação é a solução de todos os problemas da humanidade…e a causa desses mesmos problemas. Entre o que queremos dizer, o que dizemos e o que o outro nos ouve dizer, existe um abismo gigante – a CNV seria uma maneira de construir uma ponte sobre esse abismo, um caminho do meio entre o discutir e o silenciar. 

De forma resumida, a CNV se baseia em quatro elementos:

  • A observação dos fatos, sem julgamento. Falar com a pessoa, não com o rótulo. Focar no que está acontecendo, não na interpretação dos fatos. A raiz da raiva é a interpretação.
  • Os sentimentos em relação ao fato. Como eu me sinto em determinada situação. Ninguém nunca te irritou, você ficou irritado por conta de alguma necessidade sua que não está sendo atendida. Os sentimentos são fumaça, as necessidades são o fogo.
  • As necessidades por trás dos sentimentos. O que a tristeza, raiva, alívio, alegria etc. estão me dizendo sobre minhas necessidades? A agressividade tem origem na incapacidade de identificar e expressar minhas necessidades.
  • Pedido de ação ou conexão. É preciso saber pedir para poder receber. O pedido tem de ser concreto e positivo. O óbvio precisa ser dito, o outro não tem a obrigação de adivinhar como eu me sinto e do que eu preciso.

Enquanto a facilitadora explicava os elementos, alguns pensamentos recorrentes se revezavam na minha cabeça: 1) queria tanto ter feito diferente; 2) quero tanto fazer diferente; 3) socorro, como faço para não cair nas mesmas armadilhas de novo?

Sigo com meus pensamentos. O encontro deu uma boa ideia do que fazer para não cair nas armadilhas de novo – como quase tudo na vida, é uma questão de prática, de exercício. Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos – ou conversas. 😉

Para terminar, compartilho aqui a poesia que a facilitadora leu na abertura do encontro. Que nossas palavras possam ser cada vez mais janelas, e cada vez menos paredes.

 Palavras são janelas ou são paredes – Ruth Bebermeyer

Sinto-me tão condenado por suas palavras,

Tão julgado e dispensado

Antes de ir, preciso saber:

Foi isso que você quis dizer?

Antes que eu me levante em minha defesa,

Antes que eu fale com mágoa ou medo,

Antes que eu erga aquela muralha de palavras,

Responda: eu realmente ouvi isso?

Palavras são janelas ou são paredes.

Elas nos condenam ou nos libertam.

Quando eu falar e quando eu ouvir,

Que a luz do amor brilhe através de mim.

Há coisas que preciso dizer,

Coisas que significam muito para mim.

Se minhas palavras não forem claras,

Você me ajudará a me libertar?

Se pareci menosprezar você,

Se você sentiu que não me importei,

Tente escutar por entre as minhas palavras

Os sentimentos que compartilhamos.

 

Imagem: Pinterest

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