Pular para o conteúdo

Vulnerabilidade em três atos

12 de fevereiro de 2018

Cena 1

Tinha sido convidada para palestrar em um congresso sobre treinamento. Todos os palestrantes que falaram antes de mim usaram microfone. Nunca gostei disso, e estava lá pensando com meus botões se precisaria mesmo usar o bendito. Afinal, a sala nem era tão grande. Ah, mas todo mundo está usando, vai pegar mal se eu não usar. Por fim, decidi perguntar se as pessoas me ouviam sem microfone. Disseram que sim e fiz minha palestra mais tranquila, com foco no conteúdo que tinha para compartilhar em vez de no medo de derrubar o dito cujo. O palestrante que falou depois de mim optou por não usar o microfone também.

Cena 2

Estava passando férias na Itália e decidi visitar Capri. Era um daqueles tours guiados, com indicação de restaurante para o grupo almoçar. Pedi pizza, que veio com massa bem fininha, cobrindo o prato todo, gerando uma certa “briga” com o garfo e a faca. Como eu queria saborear meu almoço, não lutar com ele, decidi cortar a pizza em fatias e comê-las com a mão. Claro, isso depois de muita conversa interna sobre a imagem de selvagem dos trópicos que isso poderia passar aos companheiros gringos de viagem. Enfim, venci a vergonha e me atraquei com minha marguerita. Quando olhei em volta de novo, vi que algumas pessoas tinham feito o mesmo que eu.

Cena 3

Estava jantando com uma amiga querida. Vinho, comida gostosa e muito papo para colocar em dia. Ela começou a abrir o coração daquele jeito intenso e sem reservas que é tão seu. Me falou de suas dores e dúvidas. Sua franqueza me fez sentir confiança, e acabei contando algumas experiências parecidas com aquelas que ela estava vivendo. Contei tudo, sem editar a história, sem omitir os sorrisos nem as lágrimas. Disse como me sentia e o que queria da vida. Ela olhou para mim e disse que nunca imaginou que eu pudesse me sentir daquele jeito, e que era bom saber que ela não era a única.

Moral da história: quando assumimos as nossas vulnerabilidades, damos ao outro o direito de fazer o mesmo, e isso é libertador.

From → Proseando

Deixe um comentário

Deixe um comentário